Se você está em londres esta semana (até domingo) e é fissurado em arte como eu, *precisa* reservar uma tarde inteira para curtir as exposições da Tate Modern (meu museu preferido em Londres). Eu já tinha dado a prévia no post em que recomendei as exposições mais interessantes em Londres no fim do ano passado, mas tendo ido lá ver tudo me sinto no dever de lembrar: está im-per-dí-vel!
Começando pela instalação de Abraham Cruzvillegas na Turbine Hall, o átrio do museu (até 3 de abril). Jogando com a imprevisibilidade do futuro, o artista montou canteiros com terra recolhida de diferentes parques de Londres para, literalmente, ver no que vai dar. Em alguns meses começaram a brotar plantas ali, mesmo que nada tenha sido semeado. O legal é que a instalação vai mudando a cada dia.
As duas exposições temporárias estão fantásticas e, por coincidência (será?), as duas fazem referências ao Brasil. Comecei pela exposição do Alexander Calder (até 3 de abril), um velho ídolo, que para *não* variar, foi uma maravilha. Estão expostas obras de diferentes fases do artista, desde quando fazia esculturas de arame – algumas cuja sombra na parede é mais legal que a obra em si – até os móbiles que o consagraram. A exposição fecha com um móbile gigante – A Viúva Negra – que foi concebido por Calder para o Instituto de Arquitetos de adivinha onde? Do Brasil! E foi trazido da sede em São Paulo especialmente para a exposição, com escala em Nova York para manutenção.
Com o coração saltitando entrei na exposição The World Goes Pop (que acaba este domingo!!). Essa exposição é tão boa que deveria virar permanente! A curadoria fez uma pesquisa sobre como o movimento artístico Pop Art se desenvolveu, nos anos 60, fora de seu berço, os Estados Unidos. As mais de 10 salas mostram obras hiper coloridas de arrepiar de artistas que abordavam temas cotidianos como a guerra, a família e a mulher em países como Japão, Espanha, Alemanha, Argentina e… Brasil. Alguns dos artistas plásticos mais influentes no Brasil dos anos 60 se empenhavam em denunciar a ditadura para o mundo de forma velada, usando para isso a estética pop. Achei incrível ver isso reconhecido em uma mostra internacional, e no melhor museu de arte contemporânea que eu conheço.
É um programa caro, mas para quem curte vale cada centavo. Dessa vez eu fui convidada pela Tate para assistir as exposições, mas se não tivesse sido eu teria pago os ingressos, como sempre fiz. Se sobrar tempo, e principalmente, espaço no seu HD, dê um pulo nas exposições do acervo permanente, cuja entrada é gratuita, e sempre garantem uma aula de arte do século XX.
Imperdível também é a loja da Tate, que tem duas filiais, perto de cada uma das entradas do museu. Recomendo visitar a loja que está no subsolo da Tate, ao final da rampa de acesso à entrada lateral, que é imensa e conta com peças de design, pôsteres e um mega acervo de livros de arte, além dos tradicionais de arte.
Dica bônus: aproveite para ir sexta ou sábado, quando o museu fica aberto até as 22h.
'Uma tarde na Tate Modern' have 3 comments
22/01/2016 @ 6:11 pm Marilda
Que pena que não poderei ver essas exposições… Em geral tenho preconceito contra instalações e não me envergonho de dizer isso a quem quiser ouvir. No entanto, esta dos canteiros eu achei genial! E sugiro um passeio ainda que virtual pela exposição do museu Renwick, em Washington, D.C., que reabriu depois de reforma com 9 instalações especiais: http://www.nytimes.com/2015/11/13/arts/design/smithsonians-renwick-gallery-reopens-with-a-new-focus.html?_r=0
24/01/2016 @ 10:14 pm Deb
Oi Marilda,
Que pena, essa instalação é muito boa mesmo.
Obrigada pela dica! Aliás, DC, como Londres, é um paraíso em termos de museus, preciso voltar aí!
Beijos!
18/03/2016 @ 9:42 pm Beatriz
Amo Londres! Já fui uma vez e pretendo voltar, ainda mais com tantas coisas novas que vi pelo site, e por não ter visto tudo. O Tate Modern em especial, eu amei! Adorei relembrar minha visita com essa matéria!